Over-tunes
Por alguns trocados, só coisas de qualidade!

VÓS APRESENTO: MESTRE DA REALIDADE

Categoria: , , , por Ênio Vital - segunda-feira, junho 16, 2008



Uma esdruxula nota deste blogueiro é que, sem dúvida, esta é uma das capas de rock mais vagabundas. Buttttttt ok. Para contra-pôr, em seguida, se deliciem com uma das melhores resenhas que já li sobre esse maravilhoso album que já vendeu 2 milhões de cópias e tem dois discos de platinas escrito por um broder meu de Belém do Pará, sêo Caio Proença, figurinha carimbada da cena de bebedores aficcionados por whiskie JB e um Marlboro vermelho. Eis que, vos apresento: Mestre da Realidade.

BLACK SABBATH - MASTER OF REALITY
por Caio Proença

Falar de Black Sabbath é como falar dos Beatles. Para toda uma geração de músicos, para toda uma forma de se fazer rock&roll, não há comparações a serem feitas com nenhum outro artista ou banda. Sabbath revolucionou o rock por duas razões: a deficiência física de Toni Iommi e a percepção de mundo de um grupo de jovens decepcionados com tudo, tal como o punk, porém com uma visão muitíssimo mais pessimista. Iommi, considerado por muitos um dos maiores guitarristas de todos os tempos e, se não dono de grande técnica, um dos mais originais deu origem a um jeito totalmente inovador de se tocar guitarra. Tudo por culpa de um acidente sofrido na infância, quando perdeu parte de alguns dedos da mão direita (Iommi é canhoto). Era quase óbvio que ele não poderia mais tocar guitarra, pois a dor era excruciante. No entanto teve uma idéia que fez toda a diferença: para facilitar sua vida simplesmente desafinou a guitarra, para um Dó sustenido - com as cordas menos tensionadas a dor era suportável, não exigindo tanto de seus dedos e próteses de madeira. Isso fez toda a diferença, criando o timbre em que se fez o heavy metal. Com uma guitarra três semi-tons abaixo fez-se um som muito mais pesado, denso, o que virou a marca registrada do Black Sabbath. Após um debut muitíssimo criticado pela imprensa e que, a exemplo de bandas como o Led Zeppelin, acabou sendo aclamado pelo grande público e, especialmente, por suas perfomances ao vivo o Sabbath se tornou um dos maiores nomes de rock de todos os tempos.

Master Of Reality é o seu terceiro disco. Para muitos não é tão brilhante quanto Paranoid, mas marca uma grande mudança no som e principalmente nas letras da banda. É inovador ao começar, por exemplo, com um sample - coisa que ainda estava sendo testada e experimentada por diversos outros grupos. A tosse que anuncia "Sweet Leaf" traz um tom quase irônico ao disco. Logo nesta primeira música, Ozzy canta a experiência de encontrar luz, amor.. temas difíceis de se imaginar o Black Sabbath cantando. A música em si não difere muito do que o Sabbath vinha fazendo até então, e isso prossegue por todo o disco. Mas é a partir de Master Of Reality principalmente que Sabbath se torna uma verdadeira banda de doom metal. Os riffs e a condução da banda passou a ser mais lento e a influência de blues vista no primeiro disco é praticamente coisa do passado. A segunda música, "After Forever", é a mais surpreendente em suas letras. Aí mora a principal surpresa do disco, quando é narrada a conversão do Sabbath ao Senhor, criticando os que não o seguem, pedindo mais bom senso. Ironia? Talvez não.

Master Of Reality é um disco controverso, mas que guarda alguns dos riffs mais marcantes da carreira do Black Sabbath em cada uma de suas músicas, verdadeiros clássicos. "Embryo" é a terceira música, uma vinheta de guitarra, atmosférica, típica do Sabbath - coisa que os acompanharia em cada um de seus álbuns até hoje. "Children Of The Grave" traz um baixo frenético, uma das músicas mais clássicas do Sabbath com Ozzy nos vocais, essa sim, com o espírito Sabbath de até então. "Orchid" é mais uma instrumental, bem mais cheia de melodias do que "Embryo", algo para se lembrar de "Planet Caravan". "Lord Of This World" é a melhor música do disco, contradizendo boa parte do que foi dito em "After Forever". Retrata Deus como um cara mau, a ser temido caso você não jogue de acordo com as regras d'Ele. Black Sabbath aí pode ser a primeira banda verdadeiramente goth-rock quem sabe.. Na opinião deste colunista, esta é a melhor música da carreira do Sabbath, minha preferida - especialmente pelo solo de baixo de Bill Ward, um dos grandes baixistas da história do rock, e pelo seu fim estremecedor. E para quem não lembra de "Planet Caravan" aí vai uma amostra, "Solitude" é uma das melhores músicas calmas do Sabbath, só não é possível mesmo comparar com a de Paranoid. A letra de "Solitude" fica na frente, narrando talvez uma depressão, bem ao estilo Sabbath. Mas como é possível constatar à essa altura do disco, o Sabbath amadureceu muito, fazendo agora um heavy metal com muito mais cérebro, retratando o metal como metal, e não como um extremo do punk, descerebrado - mas ao contrário deste, nada político. Pesado quando necessário, belo quando de bom tom. Para fechar o disco entra "Into The Void", outra das melhores músicas da carreira da banda. Novamente uma letra com mensagem, dessa vez uma crítica à humanidade destruindo o mundo e fazendo guerra, e novamente sendo punida- e como vai ser castigado. Um final maravilhoso para um disco maravilhoso.

A guitarra apita e grunhe, é a marca que Iommi carregaria para sempre, o verdadeiro rei dos riffs pesados. O baixo sola. A bateria é marcada, pesada, brutal ainda. É, na opinião deste espaço, o melhor disco do Black Sabbath. Os temas das letras se transformam neste disco, passando de tratar apenas de banalidades e visões malignas, mas trazendo um conteúdo totalmente novo - ainda maligno como um bom heavy metal deve ser. Isso, aliás, é que é doom metal.

Download via 4shared

Download via Megaupload

Download via Badongo

 

0 comments so far.

Something to say?