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Os Patetas: Blocão de Carnaval parte 1/3

Categoria: , , , por Ênio Vital - segunda-feira, fevereiro 23, 2009
O blocão de carnaval do over-tunes vai passar e, para começar com o carro abre-alas, a resenha do album debut do "Stooges" que estava em débito há quase um mês com vosostros:

Stooges foi uma dessas bandas altamente incompreendida quando lançadas porém após alguns anos, foram dados os seus devidos créditos. Algo típico de artistas grandiosos. Eu não acredito que um Mondrian ou um Van Gogh foram aceitos logo de cara no gosto da pessoas, houve todo um processo de metabolização da arte que eles produziram. Para esses artistas terem mais tarde chegado onde chegaram, precisaram de alguém que os "acharam", "produziram", "comercializaram" e vestiram a camisa deles. Por isso, acho fundamental começar com a citação de John Cale sobre o Stooges que, como todas as outras citações que coloquei neste post, vieram da bíblia punk "Please Kill-Me"("Mate-me Por Favor", Ed LM&P):
"Eu e Danny Fields fomos ver o MC5 em Detroit, e o show de abertura foi dos Stooges, e me apaixonei por eles." - John Cale, 1968

John Cale, o guitarrista do Velvet Underground até então, estava tão hipnotizado pelo som e perfomance do Stooges e Iggy que mais tarde pretenderia produzir o album deles. Danny Fields por sua vez foi o cara que mais esteve na hora certa e no lugar certo da história do róque! Graças a ele a Elektra é o que a Elektra é hoje, ele conseguiu achar pérola no meio de lama.

"Fui ver Iggy and The Stooges em 22 de setembro de 1968. Não posso minimzar o que eu vi no palco. Nunca tinha visto alguém dançar ou se mover como Iggy. Nunca tinha visto tamanha energia atômica vindo de uma pessoa. Ele era movido pela música como somente os verdadeiros dançarinos são movidos pela música.
Era a música que eu tinha esperado toda minha vida para ouvir." - Danny Fields

Iggy Pop é uma dessas pessoas cujas qualidades excêntricas o faziam imensamente atraente; não havia ameaça em sua excentricidade, apenas encantamento. Ele conseguiu atrair para sí, Andy Warhol, Nico, Jim Morrison, David Bowie... entre outras personalidades para junto de sí. Suas perfomances era extravagantes e não se repetia de show para show, o que tornava da banda uma caixinha-de-surpresas a cada novo concerto, graças as maluquices de Iggy.

"(...)Este era o plano - botar a casa abaixo e arrasar com as pessoas. TUdo que a gente queria era fazer um lance diferente." Scott Asheton, baixista.

Tudo isso chamou muito o interesse da gravadora Elektra para gravar um disco dos caras. A história conta que o MC5 como 'irmão mais velho', fecharam um contrato por 20 mil dolletas e o Stooges como 'irmão caçula' de Detroit, fechou por 5 mil dolletas. Sendo assim, foram para Nova Yorque gravar o disco.

"A gente nunca tinha estado num estúdio antes e instalou amplificadores Marshall e ligou no volume dez. Então começamos a tocar, e John Cale disse: "Oh, não, não é assim..."
Ficamos naquela: "Não tem jeito, A gente toca alto, e é assim que a gente toca."
Então Cale continou tentando nos dizer o que fazer, e, como éramos uns jovens teimosos, fizemos uma greve branca.(...)
Cale continou falando "Vocês não podem obter o som certo com esses amplificadores grandes, isso simplesmente não funciona."
Mas aquilo era tudo que a gente sabia. Não conseguíamos tocar se não fosse em volume alto. Não tínhamos habilidade suficiente nos instrumentos, era só na base de acordes porrada. (...) Era o único jeito que a gente sabia tocar.
Então nosso trato foi: "Ok, vamos botar no nove". Por fim, ele só disse: "Foda-se", e deixou para lá."- Ron asheton, guitarrista.

Isso já mostra que os Stooges não seriam domados, engomados e passados para o lado comercial da força. Eles queriam fazer as coisas do jeito deles sem medo do que isso acarretaria, segue o que Iggy tem a dizer sobre a música mais famosa da banda:

"(...)Me apropriei de um monte das formas vocais deles e das linhas melódicas também - ouvidas, ou mal-ouvidas, ou deturpadas, das canções de blues. Assim, "I wanna be your dog" provavelmente é resultado da minha má-interpretação de "Baby Please Don't Go"." - Iggy Pop, vocalista.

Outro momento crucial nas gravações:

"Quando a gente chegou para fazer o disco, Jac Holzman(dono da gravadora Elektra) me perguntou: "Vocês têm material suficiente para fazer um álbum, certo?".
A gente disse: "Claro."
A gente tinha só três canções. Então voltei pro hotel e em uma hora bolei os riffs de "Little Doll", "Not Right" e "Real Cool Time". - Ron Asheton

Por mais mirabolante que possa parecer, foram três músicas muito boas. Bem ao estilo punk que estaria por vir, extremamente improvisadas em pouquíssimos acordes e crua. Desse modo, eles se encaixaram historicamente como proto-punk ou melhor dizendo "O Começo do Fim".


 

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